No lado mais leve das coisas, perguntamos à Wesley Willians, CEO da Full Cycle, o que o motiva
O que você descreveria como sua conquista mais memorável?
Minha maior conquista é saber que contribuo diariamente na capacitação tanto de desenvolvedores quanto de empresas, de modo que eles se sintam preparados para criar grandes aplicações em ecossistemas complexos. Sabemos que esses grandes sistemas mudam nosso mundo e saber que faço parte disso é realmente muito gratificante.
O que te trouxe para uma carreira em tecnologia?
Já estou neste setor há mais de 20 anos. Meu primeiro contato com a programação foi para desenvolver um programa que calculava a média das notas dos alunos da minha mãe, que é professora de português. Durante esse período fiz um curso em uma escola de informática onde realmente aprendi minha primeira linguagem de programação. Em seguida, apareceu a “web”, e meu foco se voltou totalmente para sites e sistemas que rodam na nuvem.
Que estilo de filosofia de gestão você emprega no seu cargo atual?
Acredito que qualquer gestão é baseada em liderança e processos. A liderança precisa acontecer pelo exemplo. Se eu quero que meus tutores possam dar uma ótima aula, eu preciso ser capaz de ensinar tão bem quanto. Se desejo que meus vendedores tenham alta performance, também preciso ser um profissional de alta performance. Logo, fazer gestão de uma empresa é mostrar para todos os envolvidos que você tem “skin on the game”. Já sobre processos, é fundamental que o trabalho de todos não seja caótico. Quando há processos bem definidos, você vai atrás de falhas em processos que precisam ser melhorados ao invés de buscar pessoas culpadas.
Qual você acha que é o tópico das conversas atuais sobre tecnologia?
Atualmente, sem dúvidas, a Inteligência Artificial (IA) e seu crescimento acelerado. O que o pessoal da OpenAI fez simplesmente vai revolucionar o mundo de uma forma que ainda não podemos imaginar. A IA vai mudar a maneira de como aprendemos, comunicamos, perguntamos e de também agirmos. Por outro lado, tudo isso só é possível se os profissionais de TI forem capazes de arquitetar, desenvolver, testar e implantar grandes sistemas. O que sempre digo é: não existe solução simples para problemas complexos. Se algo está simples demais, provavelmente tem algo errado.
Como você lida com o estresse e relaxa fora do escritório?
Minha vida mudou completamente em 2008 após meu primeiro burnout. Busquei ajuda de profissionais e alguns anos depois fui diagnosticado com transtorno bipolar. Tenho que dizer que isso afetou demais minha produtividade nesse período, porém, hoje vejo o quanto já pude ajudar pessoas que passam e passaram por situações semelhantes. Isso inclui tanto familiares como funcionários da Full Cycle.
Atualmente, para relaxar, gosto de montar legos. Me apaixonei por aquarismo e répteis. Tenho uma tartaruga aquática em um aquário de 1,80m de comprimento, além de um Bearded Dragon australiano. Obviamente, meus melhores momentos são com minha família e filhos. Tenho quatro filhos, sendo três meninas e um menino.
Se você pudesse voltar atrás e mudar uma decisão de carreira, qual seria?
Teria buscado maior repertório em problemas complexos de grandes organizações. Quando você tem a possibilidade de trabalhar em diferentes projetos, com diferentes pessoas, seu repertório aumenta muito. Também teria me especializado muito mais em vendas. Vendas é o coração de qualquer empresa. Ter uma cultura de vendas é essencial.
O que você identifica atualmente como as principais áreas de investimento em seu setor?
Em IA, certamente. Ela vai mudar completamente como as pessoas aprendem e isso vai afetar diretamente o mercado da educação. Quem trabalha neste setor terá duas opções: brigar com o avanço da IA ou descobrir uma forma de fazer com que ela ajude a impulsionar o negócio. Teremos sem dúvidas que nos reinventar, logo.
Quais são os desafios específicos da região na implementação de novas tecnologias na América Latina?
Acredito que é a falta de profissionais qualificados, insegurança jurídica, alta taxa de juros juntamente com o dólar muito alto. Quando associamos um déficit de profissionais tão grande, aliado ao cenário macroeconômico, temos um resultado catastrófico. A alta dos juros para conseguir segurar nossa inflação fez com que muitos negócios desaparecessem da noite para o dia. As iniciativas de fintechs, por exemplo, foram totalmente devastadas pelo fato do custo do dinheiro estar caro. Com juros elevados, para muitos investidores, é melhor comprar títulos do governo que estão pagando muito bem do que realizar operações de alto risco.
Que mudanças você viu em seu cargo no ano passado e como você acha que elas se irão desenvolver nos próximos 12 meses?
Acredito que qualquer C-Level precisa entender que uma empresa que não possui uma cultura clara de vendas, pode sofrer muito mais em tempos difíceis. Absolutamente, todas as áreas da empresa precisam entender que vender é o coração do negócio. Sem vendas, não há produto, suporte ou RH. Todos os setores da empresa precisam participar do processo de facilitação de aquisição ou expansão para novos clientes.
Que conselho você daria a alguém que aspira a uma posição de nível C em seu setor?
Seja generalista. Entenda a maior quantidade de áreas possível. Converse com pessoas, inclusive com seus concorrentes. Acredite, os concorrentes vão te orientar em momentos difíceis. Seja humilde e esteja disposto a aprender com quem está na ponta. Deixe o ego de lado e aprenda a jogar fora aquilo que não está funcionando o mais rápido possível. No mundo dos negócios não existe apego, existe o que funciona e o que não funciona.